sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Tudo faço por causa do Evangelho, para me tornar participante dos seus bens.

A Igreja prepara-se para celebrar, no próximo mês de Outubro, um Sínodo dos Bispos sobre a nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Inspirada pela exclamação do Apóstolo Paulo, a Igreja continua hoje a dizer: “Ai de mim se não evangelizar”. 

Num mundo marcado pela sedução do markting e da publicidade, não podemos correr o risco de entrar na onda e pensarmos que a evangelização se resolve apenas com a utilização dos novos métodos e ferramentas criados pela tecnologia. Certamente, quando se referia aos novos métodos, o Beato João Paulo II teria em consideração o génio do homem que aproximou o mundo à escala de um ecrã de computador. Mas o Papa falou também de um novo ardor e este nasce do encontro amoroso com Deus que transforma a minha vida. A evangelização brota do encontro com Cristo Vivo e Ressuscitado que me transforma, reconstrói, reanima e envia em missão.

Afinal, para nós, proclamar a Boa Nova, isto é, evangelizar, não é falar de uma doutrina que deva ser decorada ou de qualquer outro aspecto sapiencial para ser meditado. Acima de qualquer outra coisa, evangelizar significa ser testemunha de uma transformação que ocorre dentro de mim, de um amor gratuito que dá um sentido novo à minha vida, de uma possibilidade de entrar na vida que não tem fim. O novo ardor nasce assim do encontro com Cristo vivo e Ressuscitado que me faz participante da sua ressurreição e, por isso mesmo, da sua missão.

Peçamos à Vigem Maria, Estrela da nova evangelização, que nos ajude a partilhar desta inquietação de São Paulo, peçamos-lhe que nos leve ao encontro verdadeiro e fecundo com o seu Filho e que a partir daí o nosso título de glória seja o anúncio do Evangelho com toda a nossa vida, com todas as nossas forças e com todo o nosso coração.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno?

O Evangelho deste Domingo mostra-nos como Jesus, o Filho de Deus, cumprindo o projecto libertador de Deus Pai, pela Palavra anunciada e pelas obras realizadas, renova e transforma em homens livres, todos aqueles que vivem prisioneiros do pecado, do egoísmo e cativos da morte.

Naquele tempo, e no nosso tempo, seguir Jesus é um compromisso que envolve todas as dimensões da vida e daí nasce a dificuldade em acolher a sua Palavra e em ser seu discípulo. Isto porque não se pode seguir Jesus e viver agarrado ao mundo, prisioneiro das coisas antigas. É, no fundo fazer a experiência da Beata Teresa de Calcutá que afirmava : “Jesus é o meu Tudo em Tudo”.

O homem perturbado do Evangelho que se encontra com Jesus, reconhecendo a Sua autoridade, fica ainda mais agitado porque sabe que a relação com o Filho de Deus lhe mudará a vida toda, transformará o seu coração - de certo modo, a vida com Jesus inaugura em nós o dinamismo da Páscoa e por isso, n’Ele, perderemos tudo aquilo que nos agarra ao mundo e nos impede de entrar na Vida que não tem fim.

A relação com Jesus, que brota da escuta da Palavra e da intimidade com Ele na vida sacramental, proporciona uma vida nova porque compromete toda a nossa existência, une a acção à vida… não é uma simples doutrina teórica que acolhemos de Jesus mas uma relação que nos implica num novo modo de viver e de agir. Sempre que acolhemos Jesus na nossa vida actualizamos em nós, na nossa carne, a história da semente que tem de morrer para florescer.
           
É urgente reconhecer em Jesus o Senhor e o Mestre, entrarmos seriamente na intimidade com Ele, confiarmo-nos à sua intercessão para perdermos os medos e os laços que nos agarram ao mundo e não nos permitem saborear a verdadeira vida.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo

Celebramos este Domingo, no Patriarcado de Lisboam a Solenidade de São Vicente, Diácono e Mártir, Padroeiro principal da nossa Diocese.   

Invocar São Vicente é celebrar a salvação realizada na vida dos homens, salvação que não é obra do nosso esforço mas dom de Deus; é o brilho do Pai que resplandece nos seus filhos por obra e graça do Espírito Santo que nos foi dado por Jesus no dia de Pentecostes. São Vicente não é um herói mas sim um santo. celebramos por isso o triunfo de Deus na vida deste homem que derramou o seu sangue por Jesus, testemunhando a força e o poder de Deus.
Anunciar o Evangelho hoje, como sempre, é um desafio imenso porque nos convida a sair de casa, a desinstalarmo-nos das nossas comodidades. Por outro lado, sabemos que a mensagem que transportamos, a Palavra que anunciamos com a nossa humilde voz, nem sempre é bem recebida e, por isso, entrar na Evangelização é também entrar na tribulação. Mas nada tememos porque, como cantamos no Salmo, o Senhor é o nosso refúgio na tribulação e Ele vai sempre à nossa frente a preparar o caminho.
A vida e o testemunho de São Vicente interpela-nos nos dias de hoje porque também nós somos chamados ao martírio, ao testemunho de Jesus na nossa vida, em todas as praças e lugares onde encontramos irmãos sem vida porque sem Jesus.
O que nos pede hoje Deus? Que perseveremos no seu amor, na sua vida e no seu projecto e que assim O testemunhemos vivo e ressuscitado com alegria e generosidade.  Não vos preocupais com o que haveis de dizer, o Espírito do vosso Pai falará em vós. Deixemo-nos conduzir pelo Espírito do Senhor que nos chama a testemunhar a sua presença no meio de nós.

A imagem é do Pintor João Filipe
 e é um pormenor do São Vicente (Basílica dos Mártires, Lisboa)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Eles foram ver onde morava e ficaram com Jesus.

Vendo Jesus que passava, João Baptista desperta a curiosidade dos discípulos apontando para o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. No início do Tempo Comum, o Evangelho recorda-nos que, em cada Domingo, Páscoa semanal, celebramos a vida entregue do Cordeiro, celebramos o fruto da Sua obediência ao Pai - Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade, cantamos nós no salmo responsorial.

À pergunta dos discípulos - onde moras? -, Jesus responde com um convite: vinde ver. E os discípulos viram isso mesmo: Jesus mora no Pai, quer dizer, Jesus está constantemente no Pai, na Sua vontade, no Seu coração. Estar com o Pai é o segredo de Jesus, é, no fundo, o “Aqui estou” que cantamos no Salmo 39. Com Jesus, os discípulos aprendem que na intimidade do Pai se resolve a vida. É por isso que deste encontro dos discípulos com Jesus nasce um novo dia, era por volta das quatro horas da tarde. Na maneira israelita de contar os dias, as quatro horas da tarde significam o nascer do novo dia. Aqui é do encontro com Jesus que nasce uma nova maneira de ver a vida, de contar o tempo e de dar sentido a esse tempo.

Numa altura em que a Igreja fala da necessidade de uma nova evangelização e em que já se desenham novas estratégias pastorais para dar corpo a esse imperativo, o evangelho mostra-nos que é do encontro com Jesus e com a novidade de Jesus que nasce o ardor pelo anúncio da Boa Nova. André esteve com Jesus um dia e recebeu tanto desse encontro que foi a correr ter com Pedro para o levar a Jesus.  Hoje o encontro com Jesus, sim porque Ele continua a fitar os nossos olhos, tem o poder de nos transformar e de nos enviar. Peçamos-lhe a ousadia de O seguir como os primeiros discípulos para podermos gritar ao mundo que Ele é bom e insiste em estar perto de nós.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O.

Celebramos hoje a Solenidade da Epifania do Senhor, isto é, a manifestação de Deus a todos os homens. No mistério do Natal, celebramos o amor misericordioso de Deus que desce dos Céus para se fazer um connosco - é o Emanuel que ainda contemplamos no presépio. Celebrando a sua epifania, fica-nos a certeza de que Deus se quer entregar a todos os homens, quer tornar-se presente em todas as vidas, mesmo nas mais estéreis, indiferentes ou distraídas.

Os Magos fizeram uma longa caminhada e deixaram-se guiar por uma estrela - “Ao verem a estrela, sentiram grande alegria”; nos dias de hoje, a Igreja surge como esta estrela que nos conduz ao Senhor, que nos aponta para Jesus. É bem verdade, nós também temos uma estrela que nos convida, dia após dia, a percorrer o caminho da fé e da graça. Os Magos sentiram uma grande alegria ao ver a estrela que os conduzia a Jesus, e nós? Deixamo-nos conduzir por esta estrela que nos proporciona um encontro verdadeiro com Deus ou corremos atrás dos pequenos astros, mais efémeros e barulhentos, que só nos distraem porque não conduzem à verdadeira vida, a vida eterna que Jesus nos quer oferecer em cada Natal?

Ao ver Jesus, os Magos prostraram-se diante d’Ele! Encontraram o seu Senhor! Neste Natal o Senhor vem mais uma vez ao nosso encontro e mostra-se disponível para nos acompanhar, mesmo no meio das crises e das tribulações, convida-nos a reconhecer n’Ele a única fonte da esperança e da vida. E nós, queremos mesmo esta aliança de amor que Deus tem para nos oferecer hoje? Estaremos dispostos a viver a partir do projecto de salvação que Deus nos oferece em Jesus Cristo, na Igreja?

Coragem irmãos! Neste novo Ano da graça procuremos a estrela que nos conduz ao encontro com Deus e não deixemos que o brilho efémero do mundo nos desvie do verdadeiro caminho da vida, Jesus Cristo, nosso Senhor!