domingo, 2 de janeiro de 2011

Mensagem do Diálogo da Solenidade da Epifania


Sobre ti levanta-Se o Senhor
e a sua glória te ilumina.
                     
Celebramos hoje a Solenidade da Epifania, isto é, a manifestação de Deus a todos os homens. O Menino é adorado no presépio pelos Magos vindos do Oriente, torna-se presente na vida e nos percursos de homens concretos, oferece-lhes a Sua própria vida, dá-lhes a oportunidade de experimentar gratuitamente a salvação.

Acolhemos com alegria o Salvador que vem ao nosso encontro e por isso o Profeta convida-nos: “Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-se o Senhor e a sua glória te ilumina”. É esta a fonte da nossa esperança - o Senhor veio ao nosso encontro, saltando do seio do Pai torna-se presente na nossa história, na nossa vida concreta e faz-nos participantes da sua glória, ilumina-nos com a oferta generosa da sua vida, aponta-nos, em cada Natal, o caminho do Céu.

O mistério da Encarnação do Verbo, da descida de Deus a este nosso mundo, recorda-nos a absoluta gratuidade de Deus, o verdadeiro presente deste Natal. Os dons levados pelos Magos ao presépio são uma bagatela se comparados com o dom que Deus faz de Si mesmo a cada um de nós.

Deixemo-nos iluminar pela glória de Deus que se revela na fragilidade de um Menino e deixemo-nos converter pela Sua Palavra que nos convida e viver em permanente acção de graças, na simplicidade e no louvor. Deixemos que a nossa vida seja também, para aqueles que nos rodeiam, uma manifestação do mistério de Deus, uma verdadeira epifania deste amor de Deus que não guarda nada para si e a todos quer alcançar.

1 comentário:

  1. "Alegria, compaixão e perdão", epifania deste amor que não guarda anda para si...

    Partilho excertos da mensagem de fim de ano do ir. Alois. A profundidade do conteúdo e a capacidade de o dizer num modo tão simples e acessível hoje, dom concedido pelo Senhor à comunidade de Taizé.


    * * *


    A alegria, a compaixão e o perdão: estes três valores do Evangelho, que aprofundaram durante estes dias, são realidades intensamente vividas por muitos. Por isso, nós, os irmãos, gostaríamos que elas inspirassem antes de mais a nossa existência e a existência de todos os que acolhemos em Taizé.
    Em muitos países do mundo, tornou-se difícil referir-se a Deus. São hoje muitos os que procuram com seriedade um sentido para a sua vida, mas não conseguem acreditar num Deus que os ama pessoalmente. Que Deus os acompanhe parece-lhes algo inconcebível.
    Para outros, demasiados sofrimentos tornam impossível a fé. Se Deus existe, por que razão é o mal tão poderoso? Num universo cuja complexidade e infinitude vamos conhecendo melhor, como imaginar uma onipotência divina que se ocuparia quer do universo quer de cada ser humano? Se Deus existe, escuta as nossas orações? Responde-lhes?
    Contudo, a questão de Deus parece enraizada no espírito humano. Há, em cada mulher e em cada homem, em cada criança, o desejo de amar e de ser amado, o desejo de ser reconhecido na sua dignidade humana, o desejo de um amor para sempre. Esta aspiração a um «para sempre» não será expressão de uma nostalgia de Deus?

    Será possível acreditar em Deus no mundo moderno?
    A fé apresenta-se hoje, em primeiro lugar, como um risco: o risco da confiança.

    Por vezes, acontece que um abismo se abre entre os conhecimentos no domínio da fé e os que foram adquiridos em outros domínios. A procura de uma comunhão pessoal com Deus é então ainda mais importante. Antes de mais, como podemos entrar nela? Como podemos alimentar a nossa esperança nessa comunhão?
    Mesmo se compreendemos pouco acerca do Evangelho, podemos procurar saber mais, em primeiro lugar a partir de uma palavra que procuremos pôr em prática. Todos nós podemo-nos perguntar: Qual é para mim a palavra do Evangelho que me toca e que eu gostaria de pôr em prática hoje mesmo e nos próximos tempos?
    Cada um de nós pode comunicar aos outros a sua esperança em Cristo; não talvez sempre por palavras, mas antes de mais pela sua própria vida. Acontece então algo surpreendente: é a transmitir a mensagem da ressurreição de Cristo que a compreendemos cada vez melhor. Assim, este mistério vai-se tornando sempre cada vez mais central na nossa existência: ele pode transformar a nossa vida.
    Sim: ousemos transmitir aos outros, pela nossa vida, a mensagem do Evangelho, a esperança deste amor para sempre.
    E, pouco a pouco, descobrimos que Deus está aqui, muito perto de nós. Pelo seu Espírito, ele habita em nós. E quando estamos próximos de Deus, o dom do acolhimento pode germinar em nós. Acolher os que nos são confiados, dar-lhes um lugar na nossa vida torna-se a nossa principal preocupação. Na oração, tornamo-nos mais sensíveis aos que não estão na sua casa: as crianças abandonadas, os imigrantes, os sem-abrigo.
    Um dia, o irmão Roger escreveu: «Nesta comunhão única que é a Igreja, Deus oferece tudo para ir às fontes: o Evangelho, a Eucaristia, a paz do perdão...» E o irmão Roger concluía: «Então, a santidade de Cristo deixa de ser inatingível: ela está aqui, muito próxima».
    Como crentes, não seguimos um ideal; seguimos uma pessoa: Cristo. Não estamos sozinhos: ele precede-nos.
    Cada um de nós pode transmitir à sua volta uma pequena luz como a que iremos transmitir uns aos outros.
    E Deus não se cansa de retomar o caminho conosco. Podemos acreditar que é possível uma comunhão com ele e que também podemos nunca nos cansar, nós também não, de termos sempre de retomar o combate, como humildes que se confiam à misericórdia de Deus".
    (Tradução: Comunidade de Taizé)

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